Medicina do Estilo de Vida e a Mudança de Concepção de Saúde.
- Olavo Porepp
- 12 de abr.
- 3 min de leitura
O que é visto na área da saúde atualmente é um grande foco no tratamento de doenças e demais condições clínicas. Esse tipo de prática também pode ser chamada de “cuidados de fase final” porque o objetivo principal é resolver o problema depois que ele já está estabelecido. Contudo, quanto mais tempo a doença está instaurada no organismo, mais difícil é o sucesso terapêutico. Um bom exemplo é o caso do diabetes. É bem conhecido que pessoas recém diagnosticadas têm maior facilidade em tratar e até atingir a remissão da doença comparado às pessoas que já possuem a doença há muitos anos.
Então, por que não colocar esforços em medidas que busquem a prevenção? É exatamente isso que busca a medicina do estilo de vida.

Essa área da medicina não substitui a medicina curativa, mas complementa os cuidados de saúde do indivíduo. A ciência já acumulou evidências suficientes demonstrando que, por meio de mudanças no estilo de vida, é possível reduzir os índices de obesidade, diabetes tipo II, Alzheimer, doenças cardíacas, câncer, depressão e outras doenças crônicas.

A ideia de mudar o estilo de vida não é nova. Há mais de 2000 anos, Hipócrates já destacava a importância da prevenção de doenças, assim como o médico e filósofo Maimônides, que afirmava que a causa mais importante dos problemas de saúde eram os alimentos que consumimos.
Na verdade, hoje em dia estima-se que apenas 1/5 dos determinantes de saúde provém dos cuidados médicos, ou seja, além dos tratamentos convencionais, ainda existe um universo a ser explorado para quem busca saúde, qualidade de vida e longevidade, especialmente através de um estilo de vida saudável.

Em 2009, um grande estudo europeu chamado “Prospective Investigation Into Cancer and Nutrition” investigou os principais fatores no estilo de vida que contribuem para a saúde da população. Eles encontraram que um índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30 kg/m², realizar 3,5 horas/semana de atividade física moderada, consumir uma dieta com mais alimentos vegetais (grão integrais, frutas, hortaliças, etc) e nunca ter fumado foram os principais fatores que contribuíram para a saúde da população. Surpreendentemente, os pacientes que preenchiam esses requisitos tiveram em média uma redução de 78% no risco de desenvolver alguma doença crônica!
Outros fatores também contribuem para a prevenção de doenças e promoção da qualidade de vida, tais como ter boas noites de sono, controlar o estresse e manter relações sociais saudáveis. No entanto, o estilo de vida promovido pela sociedade tende a enfraquecer esses pilares. Por exemplo, dormir pouco é muitas vezes considerado um sinal de força e produtividade, e o estresse está praticamente disperso no ar que respiramos.

O trabalho desses e outros fatores é o foco da medicina do estilo de vida, praticada por profissionais da área da saúde que buscam promover de forma efetiva mais saúde e bem-estar através de mudanças no comportamento e no estilo de vida. Existem diversas ferramentas que podem ser utilizadas e, na nutrição, vai muito além de planejar um cardápio saudável. Mudar o estilo de vida não é fácil!
Exatamente por isso que o profissional da área da saúde necessita de um repertório que vá além do conhecimento técnico, mas que coloque o paciente no centro da conversa, buscando compreender suas necessidades, entender sua história, objetivos e capacidades.
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